29 novembro, 2012

Relato sobre projeto "Piratas de Galochas"





"Acompanhei o projeto “Piratas de Galochas na Luz”. Cujo grupo apresentou um espetáculo de mesmo nome nas ruas da região da Luz. Posicionados defronte à Sala São Paulo, - onde a aristocracia paulistana se encontra para apreciar música clássica - os atores contornavam a Praça Júlio Prestes e a Rua Helvética seguindo um roteiro em que o público, com forte presença de crianças que sabiam todas as falas e se divertiam pra valer, pode conhecer as peripécias de uma trupe barulhenta de piratas sujos e maltrapilhos que vagueiavam por uma cidade em ruínas, com políticas que transpiram segregação em honra às exigências do mercado imobiliário. 

Como uns poucos piratas imundos e pervertidos, e que se opõem a qualquer tipo de cooptação, podem opor-se ao mercado e ao estado? Loucura! Esse era o fio condutor da peça. Sobra para todo mundo: assistentes sociais, doutos sociólogos, planejadores urbanos, empresários, o aparato repressivo do governo, os bem-intencionados de esquerda... Nada sobrevive à verve anarquista que remete às discussão sobre as Zonas Temporárias Autônomas e faz lembrar os Piratas do Tietê, de Laerte nos anos 80, ou o incrível exército de Brancaleone. O espetáculo enfim emociona e faz pensar sobre a pasmaceira em que se tornou a política institucionalizada diante de uma realidade social cada vez mais perversa."

James Abreu - Técnico do VAI